Pensando o futuro do Rio Gravataí

Abandonado, pouco preservado, esgotado. Os adjetivos são utilizados por ambientalistas para definir o Rio Gravataí, considerado o quinto mais poluído do Brasil e o segundo do estado. As duras palavras, no entanto, chamam a atenção para as décadas de exploração desordenada, o esgoto despejado em seu leito sem tratamento, a ocupação habitacional de suas margens e a necessidade urgente de recuperação.

O manancial tem 34 quilômetros de curso e é a principal fonte de abastecimento para mais de um milhão de pessoas das cidades de Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada, Viamão, Glorinha, Santo Antônio da Patrulha, Canoas e Porto Alegre. Fornece água para residências, comércio, indústria e lavouras, sendo assim fundamental para o desenvolvimento da região. 

Mas o futuro do Gravataí está seriamente ameaçado, de acordo com o técnico e ambientalista, Paulo Muller: "Se usou o rio por muito tempo sem a preocupação com sua preservação. As prefeituras permitiram que moradias fossem construídas na área de banhado. O esgoto cloacal contamina a água e tem o assoreamento( acúmulo de detritos, como lixo e lodo), que torna o leito mais razo", enumera.

Mas na visão do ambientalista a intervenção humana foi ainda pior. Em 1962 o Departamento Nacional de Obras e Saneamento construiu um canal artificial no final do Banhado Grande até próximo da Olaria Velha "Visando o aproveitamento para a agricultura, o curso normal do Gravataí foi alterado. Isso deu mais vazão ao rio, e a capacidade do banhado em represar água foi reduzida em dois terços", explica.

Os problemas apontados por Muller contribuem, segundo ele, para enchentes durante o inverno e desabastecimento nos meses de verão. "Se a água não fica retida, desce com mais velocidade e alaga as regiões mais baixas. Nos períodos de pouca chuva, o rio não consegue manter o nível, a poluição fica ainda mais concentrada, em resumo, não dá conta de atender o abastecimento da população" lamenta.

Estudo de causas e soluções

O diretor de incentivo ao Desenvolvimento e superintendente interino da Metroplan, Dante Larentis, diz que o Rio Gravataí é tema discutido pelo governo do estado.

Conforme o diretor, foram realizados encontros com integrantes da prefeitura de Gravataí e do Comitê do Rio. Ficou definido então que seria realizado um estudo para identifcar as necessidades locais. "O levantamento vai nos dar a ideia clara do melhor projeto de engenharia para a região, vai nos apontar causas e soluções. É necessário primeiro saber se a solução para o rio é uma barragem. Se for, pode ser uma ou até um conjunto de barragens", explicou Larentis.

Através do Ministério das Cidades, o estado terá R$ 265 milhões para investir na elaboração de projetos de prevenção e redução dos efeitos de cheias e estiagens. Desse total, R$ 15 milhões serão destinados para a Bacia do Rio Gravataí.

A Metroplan conclui um termo de referência que será base para esses projetos. Uma empresa será contratada para diagnosticar e propor soluções. O edital de licitação deverá ser publicado em três meses. 

Além da Barragem

A Metroplan pretende, a partir dos estudos, criar mecanismos de controle da urbanização, e criar mecanismos de financiamento para programas sociais e de engenharia ambiental. Uma vez definida a empresa vencedora da licitação, o estudo deve ser concluído em até 12 meses. Aí inicia a busca de recurso para a execução.

Grupo Sinos - Correio de Gravataí  https://drive.google.com/file/d/0BwpKknHcl6CiekV4N2wzcFdIbEk/edit?usp=sharing